Cloud computing: realidade mais que presente

A computação "na nuvem" é um conceito que há poucos anos era tido como algo digno de ficção científica. A ideia, lançada inicialmente por engenheiros de computação nos anos 1960, comparava metaforicamente as redes de dados (lembrando que a ARPANET, primeiro esboço do que viria a ser a Internet, começava a se desenhar naquela época) às redes de energia elétrica e de telefonia, observando a falta de linearidade entre os pontos conectados à rede como um modelo a ser aplicado no futuro. Daí o conceito de "nuvem", uma estrutura não-densa e, de certa forma, indefinida que oferece diferentes serviços e aplicações aos computadores por ela cobertos.

Nos últimos anos, esse conceito deixou de ser tão fictício assim para se tornar algo real, muito real. De acordo com o IDC, os investimentos mundiais em cloud computing vão atingir US$ 42 bilhões em 2012 - um número quase três vezes maior que o total investido em 2009. A estimativa dos analistas e da indústria em geral é de que a implementação de soluções cloud cresça, tanto no ambiente corporativo quanto em soluções destinadas ao usuário doméstico, e isso deverá ocorrer por uma série de fatores. Vejamos alguns a seguir.

Virtualização

Quando falamos do "boom" da cloud computing e de sua evidência nos últimos anos, não podemos deixar de falar da virtualização de servidores e das demais aplicações no ambiente corporativo. A computação em nuvem oferece vantagens significativas, associando redução de custos a uma implementação completa de soluções, ao invés de oferecer somente uma parte das soluções que a empresa necessita, através de um serviço único que funciona quase que praticamente isolado do restante do sistema. Basicamente, oferecer essas duas premissas é a grande preocupação dos provedores de soluções cloud atualmente.

O mercado mundial mostra que as empresas estão ficando cada vez mais atentas a essas vantagens. Uma pesquisa realizada em janeiro deste ano com 696 executivos de TI de empresas asiáticas revelou que 11% das empresas consultadas já utilizam soluções cloud - o que representa um número bastante significativo para algo cujo surgimento pode ser considerado tão recente. Dessas empresas, mais de 50% consideram a redução de custos como motivo para a implementação da tecnologia, enquanto mais de 30% citam a melhoria geral do ambiente de operações de negócios da empresa.

Mas se a crise econômica serviu como fator motivador para a implantação de virtualização, o fim dela funciona mais ainda neste papel. Isso porque todo o setor de TI está otimista com a oferta de novas soluções que ofereçam algo além da computação tradicional. Ao mesmo tempo em que empresas buscaram em novidades como a cloud computing maneiras de reduzir gastos, há ainda aquelas que optaram por manter-se abraçadas a soluções tradicionais, por receio quanto à eficácia das novas tecnologias. O problema é que essas empresas deixaram de se atualizar tecnologicamente nos últimos dois anos ou mais, o que preocupa qualquer diretor de TI.

E este é o momento certo para que essas empresas coloquem novamente a cara a tapa e invistam em soluções inovadoras para garantir a atualização de seus ambientes de informática. A virtualização, que busca desatrelar o uso de computadores de seu aspecto físico, é uma solução mais que ideal para modernizar uma empresa. Nesse modelo, o departamento de TI deixa de se preocupar com uma boa parte da estrutura física que desemboca nos desktops dos funcionários, deixando de lado a aquisição de servidores e mais uma montanha de equipamentos necessários para a montagem e manutenção de uma rede. Tudo isso é substituído por um pacote de serviços que oferece para o usuário final (funcionário) uma rede virtualizada que funciona da mesma forma que a tradicional, com a vantagem da garantia de segurança dos dados, salvos "na nuvem".

Web apps

Para entrarmos no assunto de aplicativos de web, é importante ter dois conceitos em mente: os de cloud privada e cloud pública. Em suma, quando falamos de redes em ambientes empresariais, nas quais as aplicações são desenvolvidas especificamente para atender às necessidades da empresa, estamos falando de cloud privada. As clouds públicas são plataformas que podem ser acessadas através da web, com diferentes ofertas de serviços para usuários no mundo todo, como a Amazon EC2 e a IBM Cloud - e é aí que entra o papel dos web apps.

A receita total de aplicações cloud públicas em 2009 foi de US$ 16 bilhões. Considerando que grande parte desses serviços é oferecida de forma gratuita ao usuário, podemos dizer que os números são significativos. O crescimento da adoção dessas soluções tem sido rápido, aumentando ano após ano. A estimativa dos analistas do mercado de TI é a de que em 2014 essas aplicações atinjam 12% do total de arrecadação de softwares tradicionais. Parece pouco? Não se observarmos que a taxa de crescimento desses softwares tradicionais em 2009 foi de somente 5%, ao lado de 27,4% dos aplicativos cloud.

Rapidamente, as aplicações web deixam de ser vistas como uma alternativa simplificada ou "último recurso" para representarem soluções com vantagens significativas se comparadas aos softwares tradicionais, e também se tornam cada vez mais complexas, desafiando os limites da largura de banda. Exemplo disso são os editores de vídeo on-line, que começam a surgir em caráter experimental - fato que pegou muitos usuários de surpresa, ainda incrédulos no poder da web para a edição de arquivos pesados como os de vídeo. Até mesmo grandes vendedoras de software tradicional, como a Adobe, já lançaram versões web de seus produtos mais populares, como o Photoshop.

Essa evolução tecnológica se faz importantíssima para as empresas ofertadoras de produtos e de serviços de TI. Frank Gens, analista-chefe do IDC, declarou recentemente que o modelo cloud, com destaque para as aplicações públicas, irá impulsionar o crescimento e a expansão do mercado nos próximos 20 anos, com ênfase na produção e na distribuição de aplicativos. Isso deverá "bagunçar" um pouco os rankings de liderança da indústria, colocando novas empresas no topo, de acordo com a aceitação do usuário pelos novos serviços com enfoque na web. E empresas de modelo mais tradicional também devem seguir fazendo seus experimentos nos novos caminhos que ainda estão sendo desbravados.

O futuro da cloud computing

Não nos resta dúvidas de que a computação em nuvem é algo que veio para ficar, criando novas oportunidades tanto para empresários e profissionais da área de TI quanto para os usuários que anseiam por mais velocidade e praticidade nos produtos e serviços de computação pessoal. A expectativa de analistas da área é de que um crescimento significativo, cerca de três vezes mais que o atual, ocorra nos próximos cinco anos, seguindo toda essa maré de tendências tecnológicas. Não se trata mais de especulações quanto ao futuro, mas sim de uma realidade, muito mais que presente.

Os dados de mercado citados no artigo foram fornecidos pelo IDC - International Data Corporation (www.idc.com)

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