Meia noite em São João Dele Rei !
Tenho um enorme prazer em
caminhar pelas ruas de São João à noite, fora de feriados, em um dia
normal. É como se incorporasse o personagem Gil do filme Meia noite em
Paris voltando ao passado e reencontrando minha história. Caminho, sinto
os aromas, observo as casas, lojas, igrejas, ouço os sino da Matriz .
Uma grande imersão em um tempo que foi especial e que não voltará.
Relembro, fatos, historias, penso em tudo que foi um dia e também no que
poderia ter sido. A cada rua um acontecimento, amigos, amigas, que
outrora foram companheiros inseparáveis, mas que o tempo, a vida, teimou
em os afastar. Quantos romances, amores que um dia achei que seria para
sempre, coisas de uma distante adolescência. Relembrar festas,
carnavais, cachoeiras, farras, risos com a sensação de que cada
paralelepípedo estivesse registrado cada passo e cada tombo que um dia
vivenciei. Estranho a ligação com uma cidade que na qual eu não nasci,
mas que adotei como se fosse a minha cidade natal. Aaaa São João se
seus bancos de praças falassem, se cada palmeira da igreja São Francisco
contasse todos dos momentos que vivenciei ali, as noites no Kibom, os
bailes no Atlethic e no Minas, nossos intermináveis passeios de
bicicleta, nossos verões e invernos inesquecíveis. O que poderia ter
sido me dá angustia, a vida as vezes junta caminhos e ao mesmo tempo
separa as estradas, une dois mundos em vidas tão separadas, mas quem
somos nós para julgar e tentar entender as escolhas de uma vida? Quantos
de nós, daquela turma, que vivemos juntos uma adorável juventude
estamos realmente realizados com as escolhas que fizemos? Quantos?
Difícil responder. Mas como qualquer passeio, tem hora de começar e hora
de terminar. Volto para a pousada com um turbilhão de sentimentos,
muitas indagações, respostas que nunca terei e quem sabe, dormir e
sonhar com aquele tempo, aquelas pessoas, pois é a única forma de
reviver aquele tempo que se foi.
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